Sarah acordou…
ou talvez não. A situação era demasiadamente surreal, mas a forte dor na cabeça
era suficiente para tirar suas duvidas. Nunca se imaginou vtima de um seqüestro,
mas essa era a única explicação viável. Há quanto tempo estava ali ela não sabia.
O mesmo se aplicava para como havia chegado lá.
A jovem
encontrava-se em um aposento, deitada em um sofá confortável, apesar de não ser
luxuoso. Era possível ver uma enorme lua cheia através da janela, sendo ela a
única fonte de luz no ambiente.
“Minha nossa, que dor horrível...”. A
garota levou a mão à cabeça esperando a dor do local onde havia recebido a
pancada, porém em vão. Aparentemente a dor era interna, sem qualquer lesão
externa.
O ar estava
“estagnado”, com um cheiro de carne queimada que se alastrava pelo ambiente embrulhando
o estomago de Sarah, como se já não lhe bastasse a excruciante dor de cabeça
que turvava seus sentidos. Passados alguns minutos seus olhos adaptaram-se a
penumbra que se estendia pelo aposento. Seus ouvidos não captaram ruído algum
além dos poucos produzidos pelos seus próprios movimentos. Tudo indicava que
estava sozinha, então resolveu levantar-se. Ao sentar-se esfregou os olhos e,
instintivamente, coçou nariz com as costas da mão. Sentiu algo molhado em seu
rosto. Estaria seu nariz sangrando? Era difícil ter certeza no escuro mas a
consistência um tanto viscosa do líquido indicava que sim.
Sarah deu
alguns passos até a janela. Estava no que parecia ser o terceiro ou quarto
andar de um prédio. Havia um tubo grosso, aparentemente vindo de uma calha
acima, passando próximo a janela e seguindo até o solo. Estava preso a parede
por algumas braçadeiras. “Posso me
segurar neste tubo e descer, mas se ele se soltar da parede posso me machucar
muito... ou até pior....”
Seu pensamento
foi interrompido por uma nova informação, a qual não havia processado ainda.
“Mas que roupas são essas!?” –
Indagou-se em sua mente
Notou que
usava uma mini saia e uma jaqueta, ambas de jeans branco e uma blusa clara por
baixo. Definitivamente não era branca a blusa, pois o tom era diferente, mas
utilizando somente a luz da lua esse seria era o máximo que ela conseguiria
definir. Calçava algo confortável, mas não conseguia enxergar o modelo e tão
pouco se importava com isso agora.
“O quê diabos está acontecendo aqui!? Um
seqüestrador não se importaria em me vestir com roupas novas... a menos que
fosse um maníaco... mas ainda assim provavelmente me deixaria amarrada e
amordaçada para não gritar...” – realizou que frente ao medo de perceberem
que estava acordada nem sequer cogitou a opção de gritar. “mas eu fui atacada... lembro de terem batido na minha cabeça.” –
olhou o liquido escuro nas costas da mão. Era sangue...
Sarah lutava
para não ser tomada pelo desespero, mas cada vez mais perguntas surgiam. “Quem me trouxe pra cá? O quê ele quer de
mim? Onde estou?” – respirou fundo e tentou controlar o medo. Sabia que
desespero só atrapalharia tudo.
Retomando a
calma tentou identificar onde estava e notou que não existiam luzes acesas até
onde sua visão conseguia alcançar. Somente a luz da lua.
- Um blecaute?
– sussurrou em um volume que seus próprios ouvidos mal conseguiram ouvir.
Voltou seus
olhos para dentro do aposento e analisou melhor o ambiente. Notou que existia um
balcão que dividia-o em dois. Conseguiu distinguir do oposto do mesmo havia o
que aparentava ser um fogão e uma geladeira, além de um armário. Parecia
tratar-se de uma cozinha americana.
“Facas!” – Sarah exclamou dentro de sua
cabeça, dirigindo-se imediatamente para o outro lado do balcão. Notou durante o
percurso um corredor escuro a sua esquerda, provavelmente levando para os
outros cômodos, mas ignorou-o por hora.
Ao abrir a
primeira porta dos armários na cozinha, a jovem notou o brilho da lua refletido
em algo. Ao pegá-lo notou tratar-se de um objeto cilíndrico com algo que lhe parecia
ser um botão. “humm... uma lanterna. Vai
ser útil.”
Imediatamente
acendeu a lanterna esquadrinhou a cozinha em busca de um faqueiro. Sobre a pia
da cozinha havia uma faca, não muito grande, mas pontiaguda e com um bom corte.
Sua lamina tinha, em media, um pouco mais que um palmo.
Agora poderia
ter o mínimo de chance de se defender. Continuou a observar o ambiente e notou
uma porta esquerda do armário onde achara a lanterna. Provavelmente tratava-se
da saída do apartamento, a julgar pelo olho mágico.
Aproximando-se
novamente da porta, Sarah girou a maçaneta fazendo um som um pouco mais alto
que o esperado. Neste momento, pela primeira vez Sarah ouviu ruídos não
produzidos por ela. “Passos!”
O som dos
passos aumentava. Definitivamente alguém se aproximava.
“Meu deus o quê eu faço!?” O desespero
começava novamente a tomar conta novamente e desta vez seria impossível resistir.
Tinha que tomar uma decisão o mais rápido possível.