quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Despertar


Sarah acordou… ou talvez não. A situação era demasiadamente surreal, mas a forte dor na cabeça era suficiente para tirar suas duvidas. Nunca se imaginou vtima de um seqüestro, mas essa era a única explicação viável. Há quanto tempo estava ali ela não sabia. O mesmo se aplicava para como havia chegado lá.
A jovem encontrava-se em um aposento, deitada em um sofá confortável, apesar de não ser luxuoso. Era possível ver uma enorme lua cheia através da janela, sendo ela a única fonte de luz no ambiente.
“Minha nossa, que dor horrível...”. A garota levou a mão à cabeça esperando a dor do local onde havia recebido a pancada, porém em vão. Aparentemente a dor era interna, sem qualquer lesão externa.
O ar estava “estagnado”, com um cheiro de carne queimada que se alastrava pelo ambiente embrulhando o estomago de Sarah, como se já não lhe bastasse a excruciante dor de cabeça que turvava seus sentidos. Passados alguns minutos seus olhos adaptaram-se a penumbra que se estendia pelo aposento. Seus ouvidos não captaram ruído algum além dos poucos produzidos pelos seus próprios movimentos. Tudo indicava que estava sozinha, então resolveu levantar-se. Ao sentar-se esfregou os olhos e, instintivamente, coçou nariz com as costas da mão. Sentiu algo molhado em seu rosto. Estaria seu nariz sangrando? Era difícil ter certeza no escuro mas a consistência um tanto viscosa do líquido indicava que sim.
Sarah deu alguns passos até a janela. Estava no que parecia ser o terceiro ou quarto andar de um prédio. Havia um tubo grosso, aparentemente vindo de uma calha acima, passando próximo a janela e seguindo até o solo. Estava preso a parede por algumas braçadeiras. “Posso me segurar neste tubo e descer, mas se ele se soltar da parede posso me machucar muito... ou até pior....”
Seu pensamento foi interrompido por uma nova informação, a qual não havia processado ainda.
“Mas que roupas são essas!?” – Indagou-se em sua mente
Notou que usava uma mini saia e uma jaqueta, ambas de jeans branco e uma blusa clara por baixo. Definitivamente não era branca a blusa, pois o tom era diferente, mas utilizando somente a luz da lua esse seria era o máximo que ela conseguiria definir. Calçava algo confortável, mas não conseguia enxergar o modelo e tão pouco se importava com isso agora.
“O quê diabos está acontecendo aqui!? Um seqüestrador não se importaria em me vestir com roupas novas... a menos que fosse um maníaco... mas ainda assim provavelmente me deixaria amarrada e amordaçada para não gritar...” – realizou que frente ao medo de perceberem que estava acordada nem sequer cogitou a opção de gritar. “mas eu fui atacada... lembro de terem batido na minha cabeça.” – olhou o liquido escuro nas costas da mão. Era sangue...
Sarah lutava para não ser tomada pelo desespero, mas cada vez mais perguntas surgiam. “Quem me trouxe pra cá? O quê ele quer de mim? Onde estou?” – respirou fundo e tentou controlar o medo. Sabia que desespero só atrapalharia tudo.
Retomando a calma tentou identificar onde estava e notou que não existiam luzes acesas até onde sua visão conseguia alcançar. Somente a luz da lua.
- Um blecaute? – sussurrou em um volume que seus próprios ouvidos mal conseguiram ouvir.
Voltou seus olhos para dentro do aposento e analisou melhor o ambiente. Notou que existia um balcão que dividia-o em dois. Conseguiu distinguir do oposto do mesmo havia o que aparentava ser um fogão e uma geladeira, além de um armário. Parecia tratar-se de uma cozinha americana.
“Facas!” – Sarah exclamou dentro de sua cabeça, dirigindo-se imediatamente para o outro lado do balcão. Notou durante o percurso um corredor escuro a sua esquerda, provavelmente levando para os outros cômodos, mas ignorou-o por hora.
Ao abrir a primeira porta dos armários na cozinha, a jovem notou o brilho da lua refletido em algo. Ao pegá-lo notou tratar-se de um objeto cilíndrico com algo que lhe parecia ser um botão. “humm... uma lanterna. Vai ser útil.”
Imediatamente acendeu a lanterna esquadrinhou a cozinha em busca de um faqueiro. Sobre a pia da cozinha havia uma faca, não muito grande, mas pontiaguda e com um bom corte. Sua lamina tinha, em media, um pouco mais que um palmo.
Agora poderia ter o mínimo de chance de se defender. Continuou a observar o ambiente e notou uma porta esquerda do armário onde achara a lanterna. Provavelmente tratava-se da saída do apartamento, a julgar pelo olho mágico.
Aproximando-se novamente da porta, Sarah girou a maçaneta fazendo um som um pouco mais alto que o esperado. Neste momento, pela primeira vez Sarah ouviu ruídos não produzidos por ela. “Passos!”
O som dos passos aumentava. Definitivamente alguém se aproximava.
“Meu deus o quê eu faço!?” O desespero começava novamente a tomar conta novamente e desta vez seria impossível resistir. Tinha que tomar uma decisão o mais rápido possível.